Passas-te por mim na tua infância…Eras tão pequenino!! Nem notei pela tua presença…Foste crescendo e foi num dia frio de Novembro que reparei em ti…Quem diria que já estarias tão crescido?
Nunca me esqueci desse momento, em que a água corria pesadamente pela minha face e o sentimento, esse ia crescendo, tal como tu.
O medo apoderou-se de mim, dos meus actos, dos meus sonhos, dos meus pensamentos, da minha vida…E a ansiedade era constante, viva, não se escondia de ninguém e fazia correr rios que nasciam nos meus olhos…
Não conseguia perceber como crescias, de onde vinhas, quem eras… Porque vieste ter comigo?
E o medo, esse continuava a dar largas à minha imaginação, continuava a comer-me, sentia-lhe os dentes roer-me os ossos, sentia a dor que ele provocava, podia arrancar um pedaço de mim…
Quantas vezes quis tirar-te da minha vida? Quantas vezes quis matar-te? Maldito sejas! Saí daqui! Não me destruas a vida que construí! Não me faças perder tudo! Não te quero!Quem és tu para aparecer na minha vida de rompante? Porque me roubas a alma?
Quis morrer só para não te ter e quando te tive…quando te tive respirei fundo… Suspirei sucessivamente, até ter a calma suficiente para dizer: estou livre! E assim o medo partiu… Partiu, porque te tinha aceitado, como tu eras!
Mudaste…
Meses mais tarde alguém bateu à porta e fortemente a derrubou, entrando sem pedir licença… O medo voltou e a ansiedade corria velozmente atrás dele entrando também, alojando-se em mim sem eu dar autorização…
Que noite fria é esta que nunca mais acaba? Que ventos trazes tu que só aparecem tempestades? Onde está a lua e as estrelas que me iluminam e me dão forças a dar-te vida?
Matar-te-ei meu pequeno ser?
Incomoda-me pensá-lo…mas se o fizer, deixas de ordenar que me comam as entranhas?
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