A luz brilhante desapareceu, começam a aproximar-se os tons amarelados, alaranjados, avermelhados e em poucos minutos tudo se foi…mergulhou no horizonte escondendo-se de mim.
Num rompante vi-te…no meio da neblina longínqua vinhas tu, completa, de vestes claras que esvoaçavam ao vento. Linda, sorridente, alegre, contente, andavas sempre em frente, vinhas na minha direcção estendendo a tua mão para mim. No meio daqueles tons azulados, começando a escurecer cada vez mais.
Há quanto tempo eu não te via, há quanto tempo não tinha a felicidade de ver o teu rosto, esse rosto tão perfeito de uma porcelana fina, cuidada. A tua beleza irradiava e iluminava o início de uma noite escura, penetrante, arrepiante. E eu, sozinho, só te queria ter junto de mim, aquecendo-me. Vem! Mais perto! E a tormenta puxava-te e arrastava-te para trás como se estivesse contra mim. Como se não estivesse de acordo com a união dos nossos corpos, com o nosso toque, com o nosso amor.
Vem! Continua a tua caminhada para os meus braços… Vem! Quero-te comigo! E os meus músculos, impotentes, sem te conseguir tocar, sem te conseguir puxar, sem te conseguir colocar a meu lado, sem conseguir segurar-te para que nunca mais te vás...
Mas não conseguiste, nunca mais chegaste até mim, nunca mais tive o prazer de sentir a tua respiração no meu corpo, nunca mais te ouvi murmurar ao meu ouvido, nunca mais consegui ter-te, porque tinha sido apenas um sonho… um sonho bom, fantástico, que é sempre interrompido, um sonho que não me deixa ter-te, sucessivamente… um sonho repetido noite após noite...no mesmo instante em que a lua se coloca no meio do céu clareada pelas milhares de estrelas que a acompanham.